A minha última leitura foi o artigo "O pecado original do pacote de Barack Obama" de Jorge Nascimento Rodrigues, no Expresso de 7 de fevereiro de 2009.
Procurei Antal Fekete no Google e encontrei a entrevista que deu origem ao artigo: http://www.professorfekete.com/articles/AEFHowToStopTheDepression.pdf
Para mim, economia é chinês. Como poderei ler o artigo e a entrevista? Devagarinho? Com muita atenção? O que percebi percebi e o que não percebi não percebi? Façamos a experiência!
"O economista húngaro Antal Fekete discorda frontalmente do que chama un cocktail de asneiras keynesianas e monetaristas em voga na elite americana".
Começamos bem! E eu que julgava que um regresso a Keynes não seria dispiciendo!
" O pacote Obama vai falhar", dispara o economista húngaro Antal Fekete, de 77 anos, numa entrevista a partir de Acapulco. O programa de emergência americano em discussão esta semana no Senado sofre do mesmo pecado original de anteriores, ainda que as caras tenham mudado e várias alíneas sejam diferentes. Consiste na mesma crença de verter moeda fiduciária na economia sem suporte de valor real".
Disto tudo retenho "sem suporte de valor real". Se o dinheiro que vai ser injectado nos bancos, na economia, ou nas indústrias, não tiver suporte de valor real, como me parece que, de facto, não tem, começo a compreender Antal Fekete e a prestar-lhe atenção.
"Fekete, que é matemático de formação, ironiza com a nova equipa económica e financeira de Obama. "A sala Oval está refém de uma clique viciada numa mesma mistura de paradigmas keynesianos e monetaristas (da corrente de Milton Friedman)", afirma-nos. Pode parecer um paradoxo, mas esta cocktail vive de duas ideias para a função da "mão visível" do Estado: intervenção do governo no mercado colmatando as "falhas" da procura em tempo de crise e manipulação financeira pelos bancos centrais da taxa de juro".
Aqui ficamos sabendo o que já sabíamos: Em primeiro lugar, a intervenção do Estado. Não consigo é saber como é que este consegue colmatar as falhas da procura. Em segundo lugar, a manipulação da taxa de juro. Lemos isso em todas as notícias e esperamos que saibam o que estão fazendo. Saberão?
A crise parece-me um dominó imparável. O mal foi começar. Estamos a assistir a um colapso. Talvez seja fácil dizer "o colapso do capitalismo". Os despedimentos continuam. Ora isso leva a menos procura. Quem não ganha não gasta! Fekete diz-nos que
"a principal raiz das depressões não é o afundamento da procura, como sugeriu Keynes, mas a destruição de capital provocada pela deliberada supressão política das taxas de juro".
Bem, estou confuso. Se o afundamento da procura não é a causa, é uma das consequências e um elo mais na cadeia da queda do dominó. Essa da destruição de capital é que é novidade. Estou à espera de um diagnóstico da doença e já estamos na crítica à inocuidade dos placebos da cura! A supressão das taxas de juro só surgiu como tentativa de solução para a crise, creio eu. Assim , não compreendo como é que Fekete a põe na raiz das depressões. Então tudo não começou pelo incumprimento do subprime?
Bem , estou habituado a pensar que capital não é dinheiro, ou dito de outro modo, que dinheiro não é capital. Explico melhor, o dinheiro que tenho para comprar as couves não é capital, pelo menos enquanto está no meu bolso. Depois de eu comprar as couves, parte desse dinheiro, por menor que seja, já se transforma em capital. É a parte que sobra ao Belmiro e que ele investirá posteriormente. Essa parte investida pelo Belmiro só faz sentido se crescer! Se diminuir, haverá destruição do capital! Fiquei exausto, mas consegui compreender! A crise do subprime redundou em destruição de capital! E isso, segundo Fekete, é que é o fundamental.
"...o problema central não está na procura, no consumo, mas na "destruição de capital" ocorrida durante as "bolhas" e estoiros financeiros, sublinha".
Então, segundo julgo compreender, seguindo Fekete, o abaixamento das taxas de juro, que parece estimularem a procura, mais não fazem do que fazer desaparecer mais capital, isto para não falarmos do capital que se esconde! O que pode significar tanto despedimento, senão o aferrolhar, o segurar, por parte das empresas, do capital que ainda detém?
Quem tem capital segura-o. Quem não o tem aperta o cinto.
No meio disto tudo, não dá para compreender o abaixamento do petróleo nem do Euribor.
O cenário evolutivo que Fekete antecipa: " a economia poderá passar de um período de deflação --em curso-- para um de hiper-inflação mais tarde".
Nebulosamente, consigo compreender que a um período de retracção, o tal do segurar o capital, se seguirá outro, que será de capitalização rápida. Não vejo é como. Só se for por canibalismo entre capitalistas! O Zé-povinho estará depauperado e totalmente impreparado para a tal hiper-inflação!
Que mais nos espera no futuro?
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
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